Em tempos de tanta demagogia política e religiosa, o Evangelho deste domingo Lc 14,25-33 me levou bastante longe. Fiquei espreitando Jesus a caminho de Jerusalém, onde iria ser morto na cruz, escoltado por um bocado de gente sem rumo e sem entender direito o projeto do Nazareno. Mas que era bonito caminhar com ele e assistir de camarote a tanto show milagreiro, era. Que o diga aquele punhado de apóstolos, cada qual mais ambicioso que o outro. Arrastar multidões era com Jesus mesmo. Um reduto de fazer inveja a qualquer demagogo de ontem e de hoje (o sempre pertence a Deus). E tinha de tudo um pouco naquela multidão. Gente boa (“boa pra que?”- nos dizia nosso velho professor lá em Portugal, uns cinqüenta anos atrás); gente curiosa atrás de novidade; gente interesseira pensando em algum trocado na terra e no céu. Todos aparentemente bem intencionados. Até aqueles pobres bem aventurados de sua preferência. Acontece que Jesus de Nazaré, que veio pra fazer a diferença, já vencera no deserto a tentação da demagogia. Falar então de desapego aos familiares e até à própria vida e dizer que não adianta ir atrás dele sem a disposição de carregar um bocado de cruzes, é mera questão de coerência. Ibope e demagogia a custa de promessas fáceis, só interessam quem nunca veio para servir. Não é o caso de Jesus. Nem que custe perder a eleição para Barabás, mais adiante,lá no pátio de Pilatos. E a perdeu de vez depois de afirmar em alto e bom som “Quem não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo...". Eu tenho por mim que evangelizar do jeito que Jesus fazia nada tem a ver com essa tal de evangelização contada nos caros e açucarados livros das editoras católicas e evangélicas e cantada em versos e prosa nos arrastões de padres e pastores midiáticos onde, sem dúvida, a fé move montanhas...de dinheiro. Só sei que, na hora do pega, ao longo do cvaminho de Jerusalém a Gericó, sempre sobram uns quatro gatos pingados de samaritanos. Por último, pra não dizer que não falei de política... cala-te boca! Se a construção do novo Brasil e a salvaguarda da humanidade e da criação continuará dependendo da grande maioria dos candidatos eleitoreiros, podemos tirar o cavalinho da chuva. Onde já se viu alguém ter que gastar um monte de grana para mostrar a cara e dizer pra população “Vote em mim, pois eu não vim para ser servido”. Sem falar de tanta vela acesa aos dois senhores. O diabo é que de ética e de transparência ninguém tem de sobra. Nem o eleitor cristão. E o evangelho vai pro brejo.
Ops! Nem é homilia, menos ainda estudo exegético. Só quis espreitar a Palavra do lado de fora, com todo respeito.
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