terça-feira, 12 de outubro de 2010

perguntas discretas a bispos e padres indiscretos

Onde estavam os senhores quando, em janeiro de 2008, na cerimônia de homenagem aos mortos do Holocausto e de Auschwitz, no Rio e Janeiro, o presidente Lula convocava uma ampla jornada de discussões, debates e seminários para atualizar  o Plano Nacional de Direitos Humanos  de 1996 e ampliado em 2002?
Quem dos senhores se preocupou em conclamar clérigos e fiéis e capacitá-los, em todos os níveis, para serem “fermento na massa”? Foi desinformação? Despreparo ou por causa do pouco tempo que sobra das muitas tarefas pastorais? Medo de misturar as ovelhas de suas igrejas com os lobos da sociedade civil? Talvez as respostas sejam outras.
Com certeza é muito mais fácil e gratificante, agora, alimentar o enraizado sentimento moralista da cultura religiosa e profanar missas e cultos com uma explícita campanha eleitoral sem precedentes. Nem para derrubar os ditadores sanguinários houve tanta ousadia!
Não eram os senhores que, em tempos recentes, faziam questão de definir categoricamente os limites da religião e da política? O que dizer também de tantas acusações contra os poucos bispos, padres, religiosos (as) e leigos (as) que, arriscando suas próprias vidas, assumiam em nome de uma Fé prática aquela opção preferencial pelos pobres que, por ser impregnada de Espírito evangélico não podia ficar nas páginas mortas de tantos documentos que os senhores assinavam. E quantos e quantas aderiram a esta opção com seu próprio sangue!
Convenhamos: a “vida em abundância para todos” exige um compromisso sagrado que, sem negá-las, vai muito além da bandeira que os senhores fazem tanta questão de levantar agora com tanto dogmatismo e moralismo.
Talvez a parábola do Bom Pastor acostumou os senhores a tanger suas ovelhas  com o cajado do poder que o “status” lhes confere para afastá-las dos areópagos onde a Fé é uma opção adulta de mentes críticas e de corações livres.
No final deste desabafo não posso deixar passar batida tanta omissão das dioceses, das paróquias, das pastorais e dos movimentos ao longo da “Campanha Ficha Limpa”. À revelia dos que brindaram orgulhosos os quase dois milhões de assinaturas, de minha parte prefiro esconder a vergonha por tão pouca mobilização católica. Sem falar da última grande omissão por ocasião do recente “Plebiscito Popular Pelo Limite da Propriedade de Terra”.
Perguntar não ofende.

                     

12 de Outubro de 2010
Festa da Padroeira do Brasil

Nossa Senhora de Aparecida, rogai pelo Brasil!

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