O POVO 24/05/2011
Tiago Braga
Presos amontoados dentro das celas e uma equipe reduzida de policiais para dar conta dos trabalhos internos e externos. Assim como as outras delegacias plantonistas da Capital, o 30º Distrito Policial (DP), no bairro São Cristóvão, sofre com a superlotação e a carência de profissionais. Os problemas se evidenciaram ontem, quando um detento foi resgatado da unidade policial por dois homens encapuzados. Outros 13 presos aproveitaram para fugir.
Segundo o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), Harley Alencar, no momento da fuga havia 50 presos nas duas celas do 30º DP. “A média tolerável é de oito detentos em cada xadrez”, reconhece. Incluindo todas as delegacias plantonistas de Fortaleza, o número de presos ontem era 242, 68 há mais do que em novembro de 2010, quando O POVO publicou matéria sobre superlotação nos distritos policiais. Um aumento de 39%.
As delegacias voltaram a ficar superlotadas em outubro do ano passado, após o juiz Luiz Bessa Neto, titular da Vara de Execução Penal e Corregedoria de Presídios da Comarca de Fortaleza, baixar portaria limitando o excesso prisional nas unidades penitenciárias. Como os detentos não podem ser encaminhados aos presídios, permanecem nos distritos policiais, extrapolando a capacidade.
“A portaria serviu para desnudar o problema, que já existia. É uma realidade angustiante”, comenta o juiz. Enquanto se aguarda a inauguração de novos presídios, o jeito é amontoar os presos nas celas dos distritos policiais e da Delegacia de Capturas, no Centro. “Não tem outra alternativa, não dá para fazer remanejamento”, afirma o diretor do DPM.
Harley lembra que delegacia não é o local adequado para abrigar presos. “O detento só é para ficar lá enquanto é autuado. Depois que faz a lavratura do flagrante, o correto é encaminhá-lo para uma das Casas de Privação Provisória de Liberdade (CPPLs).” Ficando na delegacia, o risco de uma fuga ou resgate é maior. “Fora que o policial acaba tendo que trabalhar duplamente, fazendo papel de agente penitenciário e se arriscando”, reclama um delegado, que pede para não ser identificado.
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