segunda-feira, 13 de junho de 2011

como transformar bandido em herói nacional...cap. 3

Alhos e bugalhos são bastante parecidos. Por isso, o ditado alerta a ter cuidado para não trocar uma coisa pela outra. No affaire Cesare Battisti, só o total desconhecimento da história, pode conduzir, ingenuamente, à misturas sem tamanho. Confundir a legítima resistência à ditadura militar no Brasil com o terrorismo de ultra-esquerda ou de ultra-direita dos vários países da Europa na época de ´70 e '80 é, no mínimo, um erro histórico e político imperdoável. Aqui no Brasil, como em outros países da América Latina, estava em jogo o enfrentamento de ditaduras contrárias à existência de qualquer Estado Democrático de Direito. Na Europa, e   é o caso da Itália,  as ultra-direita e ultra-esquerda tinham o mesmo objetivo: subverter Estados de Direito.
Passo agora a palavra a Giuseppe Staccone, italiano, filósofo, teólogo e cientista político, foi padre durante vários anos no interior do Maranhão, Professor de Filosofia Política na Universidade Católica de Pernambuco, especialista em Gramsci. Atualmente reside na Itália.


“Na Itália os cidadãos viviam num Estado democrático que se viu atacado por bandos de criminais facínoras, que em nome da “revolução proletária e comunista”, praticaram crimes violentos guiando-se, como escreveu o italiano Maquiavel, pelos “os desvarios da sua imaginação” mais que pelo entendimento da “verdade efetiva da realidade”. Foi um período de tensões e de inseguranças sociais. A revolta veleitária de grupos armados alastrou-se pela Alemanha, França e outros países da Europa. Mas, mesmo diante de um ataque cruel e contínuo, o Estado italiano não recorreu à instituição de tribunais especiais, como foi feito na França. Todos os acusados foram julgados pelos tribunais ordinários, apesar das ameaças que os mesmos facínoras levantavam contra os juízes togados e os jurados dos júris populares.
Outro aspecto importante da história daqueles “anos de chumbo”, como nós os lembramos aqui, foi a “unidade nacional de todas as forças políticas constitucionais” - da Democracia Cristã, então no Governo, ao Partido Comunista Italiano, na oposição - contra o terrorismo e contra todas as facções terroristas.
A “memória” ainda viva daqueles anos une, ainda hoje, todas as forças políticas italianas a exigir dos governantes brasileiros a extradição do Battisti, para que pague, pelo menos, uma parte da pena pelos crimes praticados. Hoje mesmo, 18/1/2011, o Senado italiano acaba de aprovar, por unanimidade, uma moção que pede a extradição de Battisti".


Nenhum comentário:

Postar um comentário