Capital da Assíria, no tempo de sua prosperidade, Nínive era uma cidade assustadora e temida pela violência e criminalidade . Além do cruel poderio militar, era conhecida também por seu grosseiro paganismo.
Embora ímpia como se havia tornado, Nínive não estava fadada ao mal para sempre. Só um Deus misericordioso para enxergar naquela cidade muitos que estavam procurando alguma coisa melhor. Estava faltando, talvez, uma oportunidade para conhecer ao Deus vivo e voltar-se para o bem.
Mas, a cidade grande assustava Jonas. Bastou Deus falar:” Levanta-te, vai à grande cidade” (Jn 1,2), e logo o medo se apoderou do profeta que não hesitou em pegar uma rota diferente. Só depois de jogado à força no mar, engolido e expelido na praia pela baleia voraz , mesmo a contragosto, o profeta fugião resolveu cumprir sua missão. Os ninivitas acabaram se convertendo mais pela experiência da misericórdia de Deus do que pela intolerante veemência da pregação de Jonas. A misericórdia sempre amolece os corações; a intolerância os endurece. Ainda bem que a “força da profecia” não depende exclusivamente da coerência do profeta!
Só me resta acrescentar que a covarde teimosia do profeta fujão, não conseguiu estragar o meu dia. Aliás, achei providencial encontrar no Evangelho deste terceiro domingo (Mc 1,14-20) Jesus estrear sua missão profética se distanciando da prática dos demais profetas que costumavam se retirar para o deserto ou profetizar na capital. Jesus não começa por Jerusalém, mas se dirige logo para a periferia, a Galiléia, cercada pelos pagãos.
Pouco tinha reparado: quanta diferença entre a profecia catastrófica apregoada por Jonas e o alvissareiro primeiro anuncio de “boas notícias” por parte de Jesus que além de não temer o mundo dos “pagãos”, o percorre de ponta a ponta, lado a lado daqueles que os “bons” consideravam impuros. Jesus é a “boa notícia”. O “reino de Deus” já chegou porque Ele está aí, bem ao lado dos pecadores. Pasmem! Escolhendo no meio deles os primeiros discípulos.
* Por onde andamos nós, discípulos e discípulas de Jesus?
* Quo vadis ecclesia? Na Jerusalém dos presbitérios higienizados ou nas poeirentas estradas das galiléias da vida?
* Como “evangelizar” aqueles que mantemos à distância?
To be, or not to be: that is the question! Amém.
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