domingo, 18 de março de 2012

boto fé só nesta cruz

meditação ao apagar das luzes do 4°domingo da Quaresma

“Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do homem seja levantado” (Jo 3,14) 

Naquele tempo, bastava levantar os olhos para a serpente de bronze e, de imediato, as mordidas das serpentes venenosas deixavam de matar o povo na longa travessia do deserto.
Um pouco mais complicado , nesses tempos pós-modernos, conseguir escapar das mordidas das inúmeras serpentes entocadas nos sinuosos labirintos desta nossa história mal contada e construída. Cobras criadas e recriadas à sombra dos falidos paradigmas de uma humanidade cada vez mais refém de sua própria lógica de vida.
Desconstruir é preciso! Quem sabe, reconhecendo, antes de tudo, que somos herdeiros de um cristianismo que atravessou a história sonhando milagres divinos e que, com as devida exceções, por não saber distinguir o “joio do trigo” prefere olhar o mundo à distancia e demonizá-lo com seus anatemas.
Desconstruir o “estelionato teológico” apregoado em certos palanques midiáticos, católicos e evangélicos, onde os exorcismos, os milagres e as curas são “profetizados” à toque de caixa para afastar os cristãos do enfrentamento das ambiguidades da história humana.
O próprio Filho do homem, no exórdio de sua prática evangelizadora, profetizou sobre o mar, sobre os peixes, sobre os cegos, os leprosos e até sobre os possuídos por maus espíritos! E muitos acorriam a ele para serem salvos, até o dia que Ele decidiu nunca mais operar milagres.

O novo, único e verdadeiro milagre será Ele. O Crucificado que não fará milagre algum para salvar a si próprio mas permanecerá de braços abertos para o mundo e vivo para sempre.  “E, quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,13).
 Levantado, como Ele, está o bandido ao qual garante, também, a ressurreição. Bem próximo, um soldado romano que grita para todos ouvirem: “Verdadeiramente este é o Filho de Deus”
É a revelação do amor universal de um Deus que ressuscitando na Cruz derruba as muralhas do fundamentalismo e da inimizade que destroem a humanidade por dentro. 
Mas,bem lembra o meu amigo Pe. Claudio: “É esse mundo, afinal, - obra de Suas entranhas amorosas, - que deve ser amado. Acolhido e protegido, e não ameaçado e condenado. Um mundo a ser preservado e defendido de todos aqueles que através da mentira e de todo tipo de subterfúgio ‘praticam ações más’ contra a integridade do mundo. Fortalecendo e reproduzindo, assim, o reino da mentira e das trevas (Jo 3,20) Nesse sentido, Jesus revela uma nova e inédita identidade de Deus: ele é luz e esperança para os que praticam a verdade e a coerência de vida. Mas é desmascaramento e desmoralização para ‘os filhos das trevas’. Estes não precisam de condenação divina. Eles próprios, com suas ações, se colocam à margem da luz da felicidade e da vida plena”.

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