segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


MST critica a nova estratégia do governo 
para o campo
Agência O Globo

A declaração do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Car­­valho, sobre a favelização das propriedades desapropriadas para a reforma agrária só aumentou a tensão entre o governo federal e o movimento sem-terra.
Um dos coordenadores nacionais do MST, Alexandre Conceição afirmou que o governo de Dilma Rousseff está “iludido com o agronegócio”. Para ele, a avaliação feita por Carvalho não passa de um reconhecimento de que o governo não apoia os assentados. Segundo Conceição, sem investimento do Estado não há como desenvolver a agricultura familiar no país. “A presidente está iludida com o agronegócio. Acha que resolveu o problema da agricultura. Mas há problemas sérios a serem discutidos, como a desnacionalização das terras e a dominação da agricultura por empresas transnacionais”, diz Conceição.  
O secretário de Política Agrária da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Willian Clementino, diz que, se os assentamentos são precários, a culpa é do próprio governo. “O termo favela rural é extremamente pejorativo e irresponsável”, afirma ele. Segundo Clementino, os assentamentos estão longe de serem favelas porque, ao ser dono da terra, o trabalhador deixa de depender de programas sociais se tiver acesso a assistência técnica e crédito de produção.
Até no PT a declaração de Carvalho provocou críticas. Qualificando de “inadequada” a comparação do ministro, o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), líder do MST na Bahia, disse que o freio que Dilma deu na reforma agrária “é o grande erro do governo na área”. “O ponto central é o crédito agrícola? A criação de escolas e postos de saúde nos assentamentos? Claro que não. O essencial é a terra. Isso é básico. A reforma agrária só tem sentido se houver terra para os camponeses”, afirma Assunção, ao pedir a retomada das desapropriações.
Porém, há quem defenda o novo foco da reforma agrária. O professor José Maria Silveira, do Núcleo Interno de Estudos Agrícolas do Instituto de Economia da Unicamp, afirma que o governo enfrenta o problema da valorização da terra, motivada pela rentabilidade cada vez maior da agricultura. Ele lembra que a maioria dos assentamentos está no Norte e no Nordeste, onde a má qualidade do solo e do clima dificultam o cultivo. Para Silveira, o governo está certo ao conter a criação de assentamentos e deve dar ênfase em adotar programas de desenvolvimento agrícola para os assentamentos já existentes.

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