sábado, 21 de setembro de 2013

O poder do dinheiro

É preciso evitar  ceder à tentação de idolatrar o dinheiro. Significaria debilitar  a nossa fé e deste modo correr o risco de se tornar dependente do engano dos desejos insensatos e prejudiciais, aqueles que levam o homem a ponto de se afogar na ruína e na perdição. Sobre este perigo o Papa Francisco advertiu-nos durante a homilia da missa celebrada esta manhã, sexta-feira 20, na capela de Santa Marta.


«Jesus – disse o Santo Padre comentando as leituras –  disse-nos  claramente, e também de maneira definitiva, que não podemos servir a dois senhores: não podemos a servir Deus e ao dinheiro. Entre eles alguma coisa não se harmoniza. Há algo na atitude de amor pelo dinheiro que nos afasta de Deus». E citando a primeira carta de são Paulo a Timóteo (6, 2-12), o Papa disse: «Aqueles que querem enriquecer caem na tentação do engano de muitos desejos insensatos e prejudiciais, que fazem com que os homens afoguem na ruína e na perdição».
De facto, a avidez – prosseguiu  –  «é a raiz de todos os males. Subjugados  pelo desejo, alguns desviaram-se da fé e encontraram muitos tormentos. É o poder do dinheiro que nos faz desviar da fé pura. Priva-nos da fé, ela debilita-se e acabamos por perdê-la». E, permanecendo na carta paulina, frisou que o apóstolo afirma em seguida que «se alguém ensina diversamente    e não segue as palavras sadias  de nosso  Senhor Jesus Cristo e a doutrina em conformidade com a religiosidade verdadeira fica cego de orgulho, nada compreende     e torna-se um maníaco de questões ociosas e conversas  inúteis».
Mas são Paulo vai além e, frisou o Pontífice, escreve que é precisamente disto «que nascem as invejas, os desentendimentos, as maledicências, as suspeitas malvadas, os conflitos de homens corruptos na mente e privados da verdade que consideram  a religião  como fonte de lucro».

Depois, o bispo de Roma referiu-se a quantos dizem que são católicos porque vão à missa, aos que entendem o seu ser católico como um status e que «às escondidas fazem o que lhes apetece». 
A este propósito o Papa recorda que Paulo usa um termo particular, que «encontramos com muita frequência nos jornais: Homens corruptos na mente! O dinheiro corrompe. Não há  saída. Se escolhermos o caminho do dinheiro no final seremos corruptos.
O dinheiro possui esta sedução de nos levar, de nos fazer escorregar lentamente na sua perdição. E por isso Jesus é tão decidido: não podemos servir a Deus e ao dinheiro, não podemos: um ou outro. E isto não é comunismo, isto é  Evangelho puro. Estes factos são palavra de Jesus».
Mas «então, o que acontece     com o dinheiro?» perguntou-se o Papa. «O dinheiro – foi a sua resposta – oferece-nos um determinado bem-estar: estás bem, sentes-te mais importante e depois chega a vaidade. Lemos no Salmo [48]: vem-te esta vaidade. Uma vaidade que não serve, mas que te faz sentir  importante». Vaidade, orgulho, riqueza: é disto que se vangloriam os homens descritos no salmo: os que «confiam na própria força e se vangloriam da sua grande riqueza». Mas então qual é a verdade? A verdade, explicou o Papa, é que «ninguém pode resgatar-se a si mesmo, nem pagar a Deus  o próprio preço. O resgate de uma vida seria demasiado caro. Ninguém pode salvar-se com o dinheiro», embora seja forte a tentação de perseguir «a riqueza para se sentir suficiente, a vaidade para se sentir importante e, por fim, o orgulho e a soberba».
Depois, o Papa explicou  o pecado ligado ao desejo do dinheiro, com todas as suas consequências, no primeiro dos dez mandamentos:  peca-se de «idolatria» disse: «O dinheiro – evidenciou – torna-se ídolo e tu prestas-lhe culto. E por isso Jesus diz-nos: não podes servir ao ídolo dinheiro e ao Deus vivo. Um ou outro». Os primeiros Padres da Igreja «diziam uma palavra forte: o dinheiro é esterco do diabo. É assim, porque nos torna idolatras e  adoece a nossa mente com o orgulho tornando-nos maníacos de questões ociosas e afasta-nos da fé. Corrompe». O apóstolo Paulo por sua vez diz-nos para nos inclinarmos para a justiça, a piedade, a fé, a caridade, à paciência. Contra a vaidade e o orgulho «serve a mansidão». Aliás «este é o caminho de Deus, não o do poder idolátrico  que o dinheiro pode dar. É o caminho da humildade de  Jesus Cristo que sendo rico se fez pobre para nos enriquecer precisamente com a sua pobreza. Este é o caminho para servir Deus. E que o Senhor ajude todos nós a não cair na armadilha da idolatria do dinheiro».

21 de Setembro de 2013 - observatorioromano.org


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