segunda-feira, 4 de abril de 2016


Editorial
O POVO 03/04/2016

Chacina de Messejana: 
o desfecho das investigações

O anúncio do desfecho das investigações da Chacina da Grande Messejana é necessário e didático para a vida em sociedade

As investigação sobre a autoria da Chacina da Grande Messejana entram no quinto mês. Em novembro do ano passado, 11 pessoas foram executadas e sete ficaram feridas. A suspeita, e essa é linha trabalhada pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), é de que policiais militares teriam sido os autores da matança na periferia de Fortaleza. O assassinato de um PM, durante um assalto, teria motivado o justiçamento nas comunidades.
A sociedade civil espera com ansiedade o desfecho do inquérito e a punição, na forma da lei, dos responsáveis. Para sugerir alento às famílias que perderam parentes e para lembrar a alguns integrantes das forças de segurança pública que não existe no Brasil legislação que permita execução extrajudicial. Isso também é crime.
O cidadão quer do Estado, e de seus agentes de segurança, proteção e vigilância a paz pública.
Para o anúncio e a prisão dos acusados da chacina, o governador Camilo Santana (PT) e o procurador geral da Justiça, Plácido Rios, terão de atentar para a segurança de quem está conduzindo as investigações. Talvez até pedir o reforça da Polícia Federal.
O inquérito, aqui, é tão ou mais delicado do que foi, por exemplo, o do Caso França, em 1987. Investigações que deram na prisão e afastamento de dezenas de policiais civis e militares por envolvimento numa série de crimes.
Diferente daquela época, temos hoje comissões de direitos humanos pouco atuantes e enfraquecidas.
Também uma conjuntura absurda de insegurança pública que leva o cidadão a alimentar o senso comum por justiçamento. E, por último, há o empoderamento às avessas das redes sociais de grupos de policiais que alimentam esteriótipos e o linchamento virtual. Uma forma de embaçar o que é legal.
O anúncio do desfecho das investigações da Chacina da Grande Messejana é necessário e didático para a vida em sociedade.

Cá com os meus botões: 
                                                         não tenho dúvidas que a partir dos resultados do inquérito e das consequentes prisões, todo o cuidado para dar proteção aos investigadores será pouco. Contudo, muito mais inseguros ainda serão os familiares e todos que colaboraram nas investigações. Esse é o primeiro passo. Mas tem mais. Quantas chacinas ainda terão que ocorrer para que se faça uma rápida assepsia da "banda podre" da Corporação Militar? Quando o assunto è esse, a "turma da bala" entra muda e sai calada.  

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