domingo, 31 de julho de 2016

NUNCA MAIS?

Sem nada roubar ao brilho eufórico da Jornada Mundial da Juventude na Polônia, meus olhos ainda estão voltados na sequência de imagens de Papa Francisco em Auschwitz. Sozinho, em silêncio, cabisbaixo, de olhos semiabertos passando debaixo da escrita cínica e sarcástica: “Arbeit macht frei”.
Era a mensagem de boas vindas aos condenados naquele campo de extermínio nazista. O seu significado literal é "o trabalho liberta". Seu significado último, porém, é muito menos claro e, passados tantos anos, nos deixa ainda mais perplexos e se presta a muitas considerações. Antes de sua ida à Jornada Mundial da Juventude, Francisco tinha avisado: ”Eu desejaria entrar naquele lugar de horrores sem discursos, sem acompanhamento, só com as pessoas indispensáveis, entrar sozinho, orar, e que Deus me dê a graça de chorar”. As únicas palavras de Papa Francisco são aquelas que deixou no livro dos visitantes: “Senhor tem piedade do teu povo. Senhor, perdoa-nos por tanta crueldade”.  Um amigo meu, docente de filosofia e ateu declarado, comentou em seu facebook na Itália: “Un grande uomo, solo, di fronte all'orrore dal passato, consapevole dell'orrore del presente e capace di intuire, forse, l'orrore del futuro”. “Um grande homem, só, diante do horror do passado, consciente do horror do presente e capaz de intuir, talvez, o horror do futuro”.

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