domingo, 4 de dezembro de 2016

...pero sin perder la ternura jamás

"Tudo o que vocês estão vendo neste momento e o que não podem ver ao redor do estádio tem nome. Este sentimento é a solidariedade. E o mais importante e que temos que entender é que o pior que pode ocorrer a qualquer sociedade é ser indiferente. Nós não somos. Nem com nossa dor, muito menos com a dor alheia. Nós somos um povo muito sofrido. E por isso entendemos o tamanho da importância da solidariedade. Jamais seremos indiferentes com a dor. Como sociedade, entendemos esse valor e vamos seguir ressaltando-o dia a dia. Essa é uma mensagem de solidariedade que enviamos não só ao Brasil, não só à Bolívia, mas ao mundo. É uma mensagem eterna da nossa cidade pela vida. Pelo respeito que se deve ter ao outro. Hoje era um dia de festa que terminou em tragédia. Uma lição que é preciso respeitar e saber que jamais torcer para equipes diferentes, de cores diferentes, pode ser motivo para agressão mútua. Muito obrigado, Medellín". (trecho do discurso do prefeito de Medellin Federico Zuluanga).  

cá com os meus botões: 
                                                       tive a sensação que muitas redes sociais que apregoam à exaustão "outro mundo possível" e que insistem na necessidade de mudanças radicais em todos os níveis, pouca ou nenhuma ênfase deram à comoção nacional após a tragédia chapecoense.
 Questionei companheiros meus de tantas lutas que, prontamente, justificaram dizendo que tudo não passava de manipulação das grandes mídias para  encobertar os conchavos travados nas caladas da noite em Brasília: seletividade da lava jato, abuso de poder, aborto e tanta PEC disso e daquilo. Pasmem: até uns amigos "coxinhas" quase unânimes na análise. Aliás, esses últimos, enquanto os aviões da FAB já estavam decolando em Medellin, postaram que "altas autoridades" teriam mudado a programação para que o velório em Chapecó fosse ao longo do dia de domingo, esvaziando assim o protesto planejado para esse dia. Eles por elas, fico sem saber às vezes, quem é quem e para chegar aonde  nesta conjuntura tão crítica da vida nacional. Me preocupam tantos "formadores" de opinião pública incapazes de comungar, nem que seja por um só instante, a emoção que tomou de conta de tantos brasileiros, talvez menos politizados, mas portadores sim de um capital inesgotável de humanidade. "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás."  Foi o legado do Che de outrora. Hoje, de uma cidade da Colômbia já conhecida como "Cartel de Medellin", as palavras do Che Guevara adquirem novas conotações nas palavras do prefeito Zuluaga e o testemunho do povo colombiano. Pessoas do bem existem e estão mais perto do que imaginamos. O diabo é que o fundamentalismo não poupa ninguém e a gente não sabe mais com quem começar a construir algo que seja novo de verdade.

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