domingo, 6 de março de 2011

Unidos da Lona Preta

 Esta achei na Folha de São Paulo online nestes dias, Resumi e postei.

O enredo nada tem a ver com as belezas naturais de nenhuma parte do Brasil. Não há passistas, musas, rainhas de bateria em minúsculas fantasias ou destaques individuais. Todos desfilam iguais na Unidos da Lona Preta, a escola de samba do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).O nome é referência aos abrigos montados nos acampamentos dos sem-terra. O enredo fala sobre a produção alimentar e o pavilhão é, claro, a bandeira do movimento.
O "sambódromo"? Cerca de 1 km nas ruas em volta da Comuna Urbana Dom Helder Câmara, na periferia de Jandira, na Grande São Paulo. Na sexta-feira (4), os cerca de 90 integrantes da agremiação desfilaram mesmo de baixo de chuva. Ali vivem 128 famílias ligadas ao MST, que pelo sexto ano consecutivo assistiram os integrantes do Lona Preta levar para a "avenida", o "samba-luta".


"Temos uma visão de mundo e transmitimos isso por meio do samba", diz Tiaraju Pablo, 30, coordenador da Lona Preta. Sociólogo, formado pela USP, Pablo já passou por outras escolas do Grupo Especial de São Paulo. É um dos autores do samba enredo de 1999 da Águia de Ouro- "A Criação do Terceiro Dia". "Sempre pensei à esquerda e sempre vivi o samba em escolas e blocos."
Para quem acha que no Carnaval não há espaço para discursos políticos ou contestações, o pesquisador e professor do Instituto de Artes da Unesp Alberto Ikeda lembra que a primeira gravação de um samba --"Pelo Telefone", de Donga, em 1916-- já trazia uma contestação. O samba, que se tornou um dos mais conhecidos, faz referência à suposta ordem de um chefe de polícia carioca que teria pedido a seus subordinados que avisassem antes, e por telefone, a fiscalização dos lugares em que havia jogos de azar. "Para poder ser registrado, tiveram que trocar 'o chefe da polícia' por 'o chefe da folia'", explica o pesquisador.

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