quinta-feira, 22 de março de 2012

Cisterna, só se for de Placas

   O Dia Mundial da Água reuniu em Fortaleza centenas de representantes das comunidades do semiárido cearense. Com o grito de ordem: “Cisterna só se for de Placa!”, na sede da Secretaria de Desenvolvimento Agrário além de reivindicar medidas urgentes no abastecimento de água do Estado, os manifestantes criticaram o projeto do governo federal que vem, aos poucos, substituindo a experiência exitosa das cisternas de placas por cisternas feitas de polietileno sob o pretexto de acelerar uma das principais políticas de combate aos efeitos da seca.
Na verdade, depois de não alcançar a meta de construir um milhão de cisternas no semiárido nordestino entre 2003 e 2008, o governo federal está tentando  recuperar o tempo perdido distribuindo 300 mil cisternas de plástico. Dessa forma a meta de um milhão de cisternas não conseguida até hoje, poderá ser alcançada até 2014. Enquanto isso, continuarão sendo construídas também 450 mil cisternas de placa de cimento.
Conforme dados oficiais, cada cisterna de polietileno tem custo total (equipamento e instalação) de R$ 5.090, ou seja, mais que o dobro da cisterna de placas de cimento –que sai por aproximadamente R$ 2.200. Assim, enquanto as 300 mil cisternas de polietileno vão custar R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos, se a tecnologia utilizada fosse a de placas, esse valor seria de R$ 660 milhões.
Para as organizações sociais que há tempo vêm organizando as comunidade no enfrentamento da vida  no semiárido, a estratégia do Governo é estranha e inaceitável uma vez que essa nova política exclui a população local da participação no processo comunitário de construção e manutenção das cisternas de placas, criando assim dependência das empresas.  Enquanto a cisternas de pacas podem durar,  em média, cerca de trinta anos, as de plástico fornecidas pelo governo Federal já começam a apresentar problemas depois de pouco tempo de uso.

A cisterna de placas é um tipo de reservatório d'água cilíndrico, coberto e semienterrado, que permite a captação e o armazenamento de águas das chuvas, aproveitadas a partir do seu escoamento nos telhados das casas, através de calhas de zinco ou PVC. A cisterna de placas permite o armazenamento de água para consumo humano em reservatório protegido da evaporação e das contaminações causadas por animais e dejetos trazidos pelas enxurradas. A experiência tem provado que uma cisterna de placas com capacidade de 15 a 16 mil litros pode garantir água potável para a família beber e cozinhar durante quase um ano. .

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