sexta-feira, 6 de abril de 2012

a páscoa e a menina morta...

                             Sexta-Feira Santa 2012.... 
  A Ressurreição depende da mudança de atitude diante da vida


                                                         foto: Sebastião Salgado
recebi e passo adiante

Amig@s, hoje estou particularmente triste com a noticia da morte de uma criança de 11 anos, do sexo feminino, brutalmente violentada, estuprada e assassinada no parque ecológico da timbaúbas, em Juazeiro. As circunstâncias nas quais a menina foi encontrada são terríveis, e os motivos do crime, pelo que se comenta, envolve uma teia de negociações hediondas.
Não quero aqui julgar ninguém, mas sim, suscitar algumas questões passíveis de reflexões por parte de tod@s nós:

 1. Os personagens dessa terrível história estão inseridos no contexto de uma comunidade violenta, no sentido mais amplo da palavra, largados à própria sorte, desassistidos de politicas públicas (e aqui falo de politicas publicas eficazes, que venham atender às demandas sociais. Postos de saúde e escolas sem qualidade de educação não podem se encaixar nessa configuracão, pois sabemos que representam muito mais a inoperância e a ineficácia do poder publico frente aos problemas sociais);

 2. O índice de natalidade nessa comunidade é altíssimo: é comum meninas de 15 anos já serem mães, e já estarem grávidas novamente;

 3. Essas crianças crescem absorvendo toda a falta de estrutura da família e da comunidade em seu entorno, presenciando, muitas vezes, situações de extrema violência familiar;

 4. Que futuro nos aguarda diante desse quadro, no qual estamos tod@s inserid@s?

5. Por meio das nossas ações, ou pela falta delas, produzimos diariamente a miséria social. Extratificamos as populações por níveis de renda, segregamos as populações de baixa renda e delas são subtraídos os direitos que lhe são legítimos, e assim contribuímos para a producão de comunidades violentas, com baixíssimos índices de desenvolvimento humano e altíssimos índices de exclusão;

 6. A miséria social é uma questão de ética, ou da falta dela;

 7. Assim como não cuidamos da natureza, também não cuidamos das pessoas, e assim como a natureza se revolta e traz à cena catástrofes ambientais, a revolta do social também provoca terríveis catástrofes, como essa que aconteceu agora em Juazeiro;

 8. Se não quisermos nos transformar em mais uma megalópole caótica, constituída pelos centros urbanos CRA-JU-BAR, precisamos começar a tomar providências urgentes. A primeira delas é sabermos que estamos em processo de desenvolvimento e que essa é a hora de planejarmos esse desenvolvimento. Participarmos da vida política da região de forma mais atuante, dizendo não aos "ratos" e "urubus" pode ser um bom começo;

 9. Assistir passivamente à desgraça social é, no minimo, uma atitude de egoismo e individualismo;

 10. Pedir a Deus que ele abençoe à nossa família é uma atitude muito cômoda, simplesmente porque é muito fácil ser abençoado quando se tem condições financeiras de erguer abrigos anti-nucleares para proteger os seus nessa guerra de classes;

 11. Não há desenvolvimento sem equidade social, liberdade de escolha, politicas publicas integradas e abrangentes, ética social. Crescimento econômico sem crescimento das oportunidades sociais, sem o devido atendimento às demandas sociais, sem considerar as demais dimensões do processo social , não é desenvolvimento, e sim o fermento do grande bolo do caos;

 12. As comunidades desassistidas são problemas nossos...nós contribuimos para as suas existências, e não é com acoes assistencialistas e clientelistas que podemos ajuda-las. Precisamos pensar maneiras de exercer a nossa cidadania de forma realmente comprometida. Cada um de nós é sujeito politico, atuante no processo...

 13. A morte dessa menina é um problema nosso...


Mano Granjeiro

postado no blog: www.emoutrohemisferio.blogspot.com

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