segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Gritem ao mundo que Jesus Cristo está preso

O Menino Deus que tanta ternura desperta em nós no Natal, é  o mesmo que disse : “Eu estava preso e vocês me visitaram”. 
Para nós que fazemos a pastoral carcerária, cada ida aos presídios é um profundo mergulho no mistério do Filho do Homem que se faz encarcerado na carne de cada pessoa encarcerada.  Olhos nos olhos, cada encontro é uma oportunidade impar de conversão permanente à mística da  verdadeira misericórdia que nos obriga a combater, sem ambiguidades, todo tipo de violência, de preconceito, de falso moralismo e de atitudes paternalista. Pois, foi Ele quem disse que tudo que fizermos "a um dos menores  de meus irmãos, foi a mim que o fizeram". 
Neste Natal também, em que pese o crime de quem está atrás das grades dos nossos cárceres desumanos e desumanizadores, repete-se a profecia de Jesus de Nazaré pelos gritos entalados na garganta dos encarcerados e encarceradas e de seus familiares:

É justa nossa maneira de cuidar de quem está preso?

Qual a visão de pessoa humana e de sociedade está por trás das nossas práticas penitenciárias?

Que ideal de Justiça representam?

Que Justiça é esta que pune indiscriminadamente e quase sempre, somente aqueles que poucas ou nenhuma oportunidade receberam da vida?

Será que uma consciência humana e cristã mais coerente não é capaz de oferecer outras respostas para o problema da criminalidade?

Estamos combatendo a criminalidade dentro de um quadro cultural adequado?

Qual a missão das Igrejas perante a injustiça institucionalizada no Sistema Judiciário e Penitenciário?
                                                                
Há poucos dias, o papa Francisco, na mensagem de Natal em resposta às numerosas cartas postadas pelos presos do cárcere de Latina, na Itália, assim falava:
"As horas, os dias, os meses e os anos passados, ou que vocês estão transcorrendo nesta Casa de Latina sejam vistos e vividos não como tempo perdido ou como uma punição temporária, mas como mais uma oportunidade para o crescimento real para encontrar a paz do coração e a força para nascer de novo e voltar a viver a esperança no Senhor, que nunca desilude”.

Nós, agentes de pastoral carcerária, conhecemos a abertura de inúmeros corações que nem as grades de ferro e nem as muralhas  conseguem prender. Tudo isso nos confere autoridade para não cansar de repetir em alto e bom som,  doa em quem doer:  "O sistema penitenciário brasileiro e a sociedade também, estão colaborando para tanto?  

Estas e muitas outras  são as profecias que a evangelização nos cárceres não pode calar.


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