segunda-feira, 31 de agosto de 2015

“Os adversários de Francisco 
não depõem as armas”

“Os adversários de Francisco não depõem  as armas” e suas expectativas são que “seu pontificado termine logo”, assinala o jornalista italiano Marco Politi, em um ensaio dedicado ao atual Papa argentino.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 30-08-2015. A tradução é de André Langer.

Politi, em Francisco entre os lobos, defende que o atual pontífice, “já no terceiro ano de seu pontificado, continua percorrendo com determinação o caminho de uma reforma que aponta para uma profunda remodelação das estruturas do catolicismo romano, do estilo de vida de suas instituições e da aproximação da Igreja com o mundo contemporâneo”.

Francisco entre os lobos. O segredo de uma revolução, do jornalista e escritor Marco Politi, acaba de ser publicado em castelhano pela Fondo de Cultura Económica e será divulgado na América Latina.
“O pontífice argentino está consciente de ter posto em marcha uma empresa que supera o término do seu pontificado, uma questão que – segundo Politi – não o inquieta”.

“Um cardeal, membro de um conselho da coroa, afirma que Francisco escuta muito, mas dá a nítida impressão de ter bem claro o seu projeto na cabeça”, assevera Politi em seu ensaio.
O jornalista e escritor italiano acredita que “reformar a Igreja católica é difícil, mais ainda os seculares mecanismos de poder da cúria romana”, onde encontrou “muitos obstáculos”. Obstáculos que se originam “por inércia, porque se negam a abandonar os hábitos do passado, ou por apego a esquemas doutrinários rígidos”, enumera. “Os opositores são tenazes e nos bastidores sua agressividade se traduz em uma crescente campanha de desautorização do Papa. Sua esperança é que seu pontificado termine logo”, diz Politi.

As intervenções do Papa Francisco “inserem-se na robusta linha da Doutrina Social da Igreja, que ao longo de um século tornou-se cada vez mais incisiva”, reforça Politi em sua análise.
Outros pontífices, como Leão XIII e João XXIII, bradaram contra a “injustiça”, e também Bento XVI em sua encíclica Caritas in Veritate “insistia nos deveres éticos do mundo da economia e das finanças” e até denunciou “a crescente erosão dos direitos humanos dos trabalhadores”.
Mas, dentre todos os papas, seus documentos e discursos, “percebe-se em Francisco algo particular: o selo da experiência pessoal” adquirida “ali onde as favelas se encontram com os arranha-céus”, em referência ao seu passado como cardeal de Buenos Aires.

Politi também afirma que Francisco não vem do “fim do mundo” como, “com uma pitada de auto-ironia disse aos fiéis na noite de sua eleição”, congregados na Praça de São Pedro.
Francisco é o primeiro papa que “nasceu, cresceu e viveu em uma metrópole contemporânea” e – mesmo procedendo de uma região afastada da Europa – “é o único que se alimentou da experiência tumultuosa, dramática e multifacetada de uma cidade gigantesca, em torno da qual gravitam 13 milhões de habitantes”, compara Politi.


O autor de Francisco entre os lobos é considerado um dos mais destacados especialistas sobre as questões vaticanas e, atualmente, é colunista do Il Fatto Quotidiano, além de colaborador habitual da RAI, BBC e France 2.



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