terça-feira, 14 de março de 2017

a alteração do Estatuto do Desarmamento
a urgência urgentíssima da 'Bancada da bala'

Apesar das 257 assinaturas conseguidas por iniciativa do deputado Alberto Fraga (DEM/DF) com o intuito de votar com “urgência urgentíssima” a alteração do estatuto do Desarmamento, a “bancada da bala” vai ter que ficar ainda um tempinho com as barbas de molho. Prioridade, neste momento, são as reformas da Previdência e trabalhistas e o enfrentamento das esperadas reações da sociedade organizada. O objetivo da bancada é de afrouxar as regras para a compra, o registro e o porte de armas de fogo no país.  “A sociedade brasileira quer que o tema seja resolvido o mais rápido possível. A violência tem aumentado depois que o Estatuto foi criado. Não tem o que defender em um Estatuto que só tirou o direito de escolha das pessoas”, dispara Alberto Fraga para justificar tanta pressa. A resposta, mesmo dependendo do  correligionário Rodrigo Maia presidente da Câmara, tudo indica não será para já.
Se aprovado, o projeto de lei facilitará o porte de armas a qualquer cidadão brasileiro a partir de 21 anos de idade, sem antecedentes criminais e aprovado no teste de sanidade mental. Atualmente, o registro só é liberado a categorias específicas e a pessoas que precisam, comprovadamente, andar armadas.
Em que pese a pressa e as falácias  armamentistas da “bancada da bala”,  conforme dados  apresentados pelo Instituto Sou da Paz,  75% dos assassinatos são associado à arma de fogo enquanto, mundo afora, a mesma estatística é de 40%. Um dado é certo: segundo o Mapa da Violência 2104 que analisa os dados de 2012, o Brasil contabilizou naquele ano 56.337 mortes, o maior número desde 1980. O total supera o de vítimas no conflito da Chechênia, que durou de 1994 a 1996.  
Fuzis e metralhadoras das Farc chegaram aos criminosos do Ceará 
Diário do Nordeste 13/03/2017
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           
O fácil acesso a armas de fogo provoca tragédias não só no Brasil, mas também em países desenvolvidos, como os Estados Unidos e Suíça. No primeiro, os  americanos voltam à discussão toda vez que, de repente, um pacato cidadão dispara a esmo em locais públicos ceifando vidas de todas as idades. Por sua vez a Suíça é tristemente a campeã europeia em número de suicídios por armas de fogo. Surpreende o fato que de 1996 a 2005, na Suiça, foram cometidos 3410 suicídios. Um estudo publicado em 2006 concluiu que nesse tipo de suicídio a Suíça ocupa o segundo lugar, depois dos Estados Unidos: 57% do total de suicídios entre os norte-americanos ocorrem por uso de armas de fogo. A Finlândia e a Noruega ocupam a terceira e quarta posições, com 20%. Na Alemanha, mais abaixo na lista, são pouco menos de 8%, e na Espanha 5,5%. Na Suíça, 24 a 28% dos suicídios são cometidos com revólver e afins. Ou seja, com arma por perto, desastres são facilitados, inclusive disparos acidentais e crimes passionais.
De  falácia e falácia, graças também ao alarde de um certo tipo de mídia, embora traga uma falsa sensação de segurança, não é verdade que o “cidadão de bem” armado pode evitar crimes e dissuadir o criminoso profissional, bem como os roubos e os furtos. A esse respeito não faltam estudos científicos no Brasil e no exterior para deixar isso bem claro.
Enfim, mas não por último, existe o chavão repetido à exaustão: “O Estado desarma o cidadão de bem e arma o bandido”. Pasmem!  Bandido que é bandido pouco se importa não exige porte legal de armas.  A ilegalidade faz parte do seu mister.

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