segunda-feira, 6 de março de 2017

Tira-gosto à margem da CF 2017

* No frigir dos ovos e com  todo o respeito, essa tal de conversão  tão badalada na Quaresma da Igreja católica e fora dela também, não de ser uma clara proposta de outro modo-de-estar-no mundo, bem diferente daquele da modernidade tecnocrática. O ser humano não pode contiuar a se colocar diante das coisas como quem as possui e domina. Assim como Francisco de Assis, nosso papa Francico se coloca junto com elas para conviver como irmãos e irmãs na mesma casa.

* O Papa adverte que isso não é “um romanticismo irracional, porque influencia sobre as escolhas que determinam nosso comportamento”. Se não usarmos a liguagem do encantamento, da fraternidade e da beleza em relação com o mundo, ”os nossos comportamentos serão aqueles do dominador, do consumidor ou do mero desfrutador dos recursos naturais, incapaz de impôr limites a seus intereses imediatos”(Laudato Si 11)

* No magistério do Papa Francisco aparece uma clara visão global.  Em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium (2013) Francisco  afirma: “Nós, os seres humanos, não somos meramente beneficiários, mas guardiões das outras criaturas. Pela nossa realidade corpórea, Deus uniu-nos tão estreitamente ao mundo que nos rodeia que a desertificação do solo é como uma doença para cada um, e podemos lamentar a extinção de uma espécie como se fosse uma mutilação”.


* O Papa Francisco diz que o tempo para encontrar soluções globais está acabando. Por isso percebeu  que já era chegado o momento de produzir um documento oficial sobre a ecologia. E assim nasce a Laudato SI aos 24 de maio de 2015. Nesta, que é a primeira encíclica ecológica, o Papa indica como um dos eixos fundamentais da reflexão ecológica a relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta. Tanto a natureza como os pobres são usados como formas para o lucro fácil: exploração da mão de obra barata e extração desenfreada dos recursos naturais, tudo em nome do lucro fácil disfarçado de progresso humano.

* Hoje devemos decididamente rejeitar que, do fato de sermos criados à imagem de Deus e do mandato de dominar a terra, se deduz um domínio absoluto sobre todas as criaturas. É importante ler os textos bíblicos no seu contexto, com uma justa hermenêutica, e lembrar que nos convidam a “cultivar e guardar” o jardim do mundo (cf. Gn 2,15). Enquanto ‘cultivar’ quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno, ‘guardar’ significa proteger, cuidar, preservar, velar.”(Ludato Si 67).

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