Metrofor:Moradores resistem à desapropriação – O Povo 19 de setembro
Sem informação sobre o processo de desapropriação na Via Expressa, moradores se recusam a colaborar com o Metrofor - Mariana Toniatti
É um disse-me-disse porque ninguém sabe ao certo como vai ser a desapropriação das casas ao longo da Via Expressa, bem onde vai passar o Veículo Leve sobre Trilhos, o VLT, espécie de metrô de superfície, programado para começar a operar em 2012. Moradores de dezenas de comunidades instaladas na margem do trilho, do Mucuripe à Parangaba, especulam.
“Ninguém sabe direito. Pode ser dinheiro de indenização, pode ser aqueles conjuntos lá longe”, diz Cleiton da Silva Santos, 22, morador da comunidade Trilha do Senhor, entre as avenidas Santos Dumont e Padre Antônio Tomás. Sem informação, muitos moradores recusam a visita dos funcionários da empresa terceirizada pela Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), responsável pela execução do projeto, que desde julho percorrem as comunidades.
“Falam que é só uma pesquisa, mas na verdade já é um cadastro. Eles perguntam quantos cômodos tem a casa, de que material é feita. Tá tendo resistência. Não queremos que eles entrem antes de saber como vai ser”, diz Manoel da Silva Júnior, 43, nascido e criado no trilho. Em nota, o Metrofor afirma que a marcação é apenas uma contagem para saber quantos imóveis vão precisar sair. O cadastro seria posterior.
“Essa marcação também servirá para definir quantos imóveis serão desapropriados e para a elaboração dos laudos de avaliação dos mesmos’, diz a nota. A assessoria de imprensa da Casa Civil, informa que o Governo do Estado ainda estuda a melhor maneira de desapropriar. Por enquanto, o único dado oficial é o investimento de R$ 98 milhões em indenizações ao longo da Via Expressa, quantia registrada na chamada “matriz de responsabilidade”, um cronograma pactuado entre Governo Federal, Estadual e Munipal para a Copa 2014.
Em agosto, depois da resistência dos moradores à visita do Metrofor, foi organizada uma reunião para apresentar o projeto. “E aí disseram que não tem plano de habitação. Ficaram de receber uma comunidade por vez, discutir com cada uma e nada”, diz Maria do Rosário Alcântara, outra moradora. Maria Jorge Silva, 82, uma das primeiras a chegar no trilho, na altura da Padre Antônio Tomás, ainda em 1958, não quer nem pensar em sair.
“Era tudo mato quando chegamos. Hoje tem tudo perto. O mercantil fica do outro lado da pista. Tem hospital, ônibus. Fico vendo TV com o portão aberto e ninguém mexe comigo. Onde vou viver assim?”. No mesmo terreno, dois filhos construíram suas casas. Manoel é um deles. Ele também quer ficar, mas se tiver que sair, prefere ser ir para um local próximo - “até cinco quilômetros dali, como diz no Plano Diretor”. “Construímos tudo. Não é justo perder assim”, diz.
E-Mais
A mobilidade urbana é o primeiro grande investimento da cidade para a Copa do Mundo.
As obras devem começar em janeiro do próximo ano. A construção do VLT é um dos principais projetos.
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