foto Alessio Moiola |
Não tem como não expressar a alegria do encontro das pessoas, das comunidades eclesiais de base, das pastorais sociais, dos organismos da Igreja, dos movimentos sociais do campo e da cidade. Eram mais de vinte mil pessoas. Vinte mil pessoas que entoavam cantos e rezavam a Deus e a Maria, ao Deus da libertação e a Maria que derruba dos tronos os poderosos e exalta os humildes. Com orações, denúncias, risos, partilha, solidariedade e, acima de tudo, com o desejo de ver um mundo novo, uma cidade nova, uma Terra sem males, conforme a Carta da 15ª Romaria da Terra, os romeiros e romeiras da terra reafirmaram o compromisso com a luta pela reforma agrária; a resistência ao atual modelo de desenvolvimento; a luta pela defesa da soberania alimentar, soberania energética; pelo uso da água como direito de todas as formas de vida. Reafirmaram, também, a defesa da luta dos povos originais - indígenas, quilombolas e sertanejos - pelo seu reconhecimento e dignidade. A Carta Compromisso reafirma o compromisso pastoral de continuar “com as mãos na massa, os pés firmes no chão, como povo de Deus que reza, mas coloca a oração no chão da terra e da vida”.
Dom Antônio Roberto Cavuto, bispo da Diocese de Itapipoca, em suas falas, chamou a atenção para a importância das lutas e do compromisso da Igreja e de sua ação pastoral com o homem e a mulher do campo, com as lutas diárias por libertação, contra a exploração dos poderosos e a falta de atenção dos governos.
A Romaria é um momento de renovação e afirmação do nosso compromisso, mas não podemos ficar só nisso. É preciso aglutinar as forças sociais e políticas para que consigamos fazer com que, permanentemente, os direitos sejam garantidos, porque nós, Igreja, temos a capacidade de organização e união. “Nossa fé pode remover montanhas”. Conseguimos reunir vinte mil pessoas para celebrar, rezar, agradecer a Deus e pedir a Mãe Maria, que caminhe conosco. E ela caminha! Caminha nas lutas do dia-dia. A Romaria da Terra acontece em consonância com as várias atividades realizadas pelas pastorais socais, CEBs e Organismos da Igreja no Ceará e no Brasil, assim como o Grito dos Excluídos. Nos próximos anos as Pastorais Sociais realizarão a 5a. Semana Social Brasileira, cujo lançamento será no dia 11 de agosto, em Brasília, e, mais uma vez, reunirá as forças eclesiais sociais, mostrando que é possível, fazer um novo acontecer e realizar na Terra o Reino de Deus. A Semana Social Brasileira acontecerá em um importante processo que só terminará em 2013. São várias as atividades a serem realizadas, como também vários os fóruns e redes.
Em Fortaleza, com as lutas atuais da cidade, as Pastorais Sociais e os Organismos da Igreja atuam e se comprometem com as causas populares no desejo de uma vida melhor para as crianças, as mulheres, a população de rua, os catadores, os migrantes, os carcerários, com destaque para as várias situações causadas pelos megaeventos, com possíveis remoções provocadas pelas obras da Copa do Mundo 2014. A Pastoral do Migrante, em especial, tem se somado ao Comitê Popular da Copa em Fortaleza para ser presença junto às comunidades atingidas e apoiá-las.
Olhemos para frente com a bênção e proteção de Nossa Senhora das Mercês, padroeira da Diocese de Itapipoca, evocada várias vezes durante a Romaria da Terra, para que tenhamos a coragem, a força, a disponibilidade e alegria de seguirmos na fé e no compromisso dos mártires. Presentes na luta, vejamos no outro Jesus, Javé, o Deus dos pobres, do povo.
Francisco Vladimir, jornalista
Pastoral do Migrante da Arquid. de Fortaleza
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