SEM MEDO DE SER FELIZ (2)
Virá o dia em que não será mais preciso dizer:
“Tristeza não tem fim felicidade, sim”. (Helder Camara)
Meus queridos amigos,
Há sempre Canções novas e é claro que
algumas pegam e ficam... Há Canções que
não são esquecidas nunca. As vezes, vê, de longe, de Carnavais que já se foram... O Bal Masqué, salvo engano, abriu com
“Máscara Negra”, o que não quer dizer que houvesse mais de mil Palhaços no
salão... Ninguém esquece a
“Jardineira”, “Sassaricando” e tantas outras músicas que atravessam os anos...
Pode causar estranheza que, no meio de
tanta gente, agrade tanto o Bloco da
Solidão. É que ali, no meio da multidão, não falta quem se sinta só.
“Angústia, solidão um triste
adeus em cada mão
lá vai meu bloco, vai só deste jeito é que ele sai.
Na frente sigo eu levo o estandarte de um amor
amor que se perdeu no Carnaval...
Lá vai meu bloco e lá vou eu também
mais uma vez sem ter ninguém
no sábado e domingo, segunda e terça-feira
e a 4ª feira vem e o ano inteiro é todo
assim...
Por isso quando eu passar batam palmas pra mim!
Aplaudam quem sorri Trazendo lágrimas no olhar,
merece uma homenagem quem tem força pra cantar
tão grande é a minha dor pede passagem quando sai comigo só,
lá vai meu bloco vai...
Daqui bato palmas a todos os que, de modo
aberto ou oculto, pertencem ao Bloco da Solidão, e sorriem trazendo lágrimas no
olhar...
Gosto muito do Porta-Estandarte, de Vandré:
“Olha que a vida é tão linda e se perde em
tristezas assim.
Desce teu rancho cantando essa tua esperança
sem fim.
Deixa que a tua certeza se fala do Povo a
canção
pra que teu Povo cantando o teu canto não seja
em vão.
Eu vou levando minha vida, enfim, cantando e
canto sim
e não cantava se não fosse assim levando pra
quem me ouvir
certezas e esperanças pra trocar por dores e
tristezas
que, bem sei um dia que vem vindo
e que eu vivo, pra cantar na avenida girando
estandarte na mão pra anunciar!
Ah se eu pudesse!
O meu Povo não precisaria esfalfar-se nos 3 dias de
Carnaval! Virá o dia em que a alegria do Povo não será ilusória e passageira
como serpentina e confete.
Virá o dia em que não será mais preciso dizer:
“Tristeza não tem fim felicidade, sim”.
A tristeza acabará...
3 de fevereiro de
1978
Dom Helder Camara
Cá com os meus botões:
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